Olivier Clément, Anne-Marie Pelletier, Gianfranco Ravasi, Michel Sabbah, Maria Rita Piccione, Bartolomeu I, Minke de Vries e Ignacio Calabuig.
Olivier Clément, Anne-Marie Pelletier, Gianfranco Ravasi, Michel Sabbah, Maria Rita Piccione, Bartolomeu I, Minke de Vries e Ignacio Calabuig.| Foto:

Os papas costumam fazer pronunciamentos, discursos e homilias várias vezes a cada semana. A pregação e o ensino do Evangelho estão entre as principais tarefas do bispo de Roma. Mas quando o próprio papa senta para ouvir uma pregação, quem ele escolhe para a tarefa?

Existem sobretudo três âmbitos em que isso acontece. Há os exercícios espirituais, em estilo inaciano, do qual participam o papa e os membros da Cúria Romana desde 1929; a Via Sacra no Coliseu, na noite de Sexta-Feira Santa; e as pregações durante as sextas-feiras da Quaresma e do Advento, ministradas pelo pregador da Casa Pontifícia – desde 1980, quem ocupa a função é o frade capuchinho Raniero Cantalamessa.

O teólogo Hans Urs von Balthasar escreveu as meditações em 1988. O teólogo Hans Urs von Balthasar escreveu as meditações em 1988.

Passar os olhos pela lista de nomes a quem os últimos papas encarregaram de pregar os exercícios espirituais ou escrever as meditações para a Via Sacra é um exercício interessante, que nos ajuda a compreender melhor o pensamento de pontífices como São João Paulo II, Bento XVI e Francisco.

Hoje, quero tratar aqui das pessoas que foram escolhidas para escrever as meditações para a Via Sacra. O costume de encomendá-las a algum fiel ou grupo de fiéis data de 1985. Diferentemente dos exercícios espirituais, que até agora só tiveram padres como pregadores, os textos da Via Sacra do Coliseu tiveram desde o início bastante diversidade de vocações entre seus autores.

Nos dois primeiros anos, São João Paulo II escolheu para a tarefa escritores leigos. Em 1985, foi o italiano Italo Alighiero Chiusano. No ano seguinte, o autor foi o francês André Frossard. Só em 1987 que foi a vez do primeiro clérigo: o cardeal nicaraguense Miguel Obando Bravo, então arcebispo de Manágua.

Em 1988, o papa polonês escolheu o suíço Hans Urs von Balthasar, um dos maiores teólogos do século passado, que morreria naquele mesmo ano, dois dias antes de ser criado cardeal. Em 1989, outro escritor: o polonês Marek Skwarnicki. Em 1990, mais um bispo, o palestino Michel Sabbah, patriarca latino de Jerusalém.

A monja protestante Minke de Vries foi a responsável em 1995 A monja protestante Minke de Vries foi a responsável em 1995.

Em 1991, foi a vez de uma dupla: os padres Ignacio Calabuig e Silvano Maggiani, da Ordem dos Servos de Maria. No ano seguinte, o autor foi o arcebispo de Praga, Miloslav Vlk, que seria nomeado cardeal dois anos depois. Em 1993, São João Paulo II escolheu pela primeira vez uma mulher: a abadessa beneditina italiana Anna Maria Canopi.

Em 1994 e 1995, o papa resolveu escolher dois cristãos de outras confissões: primeiro, o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I; e no ano seguinte, a monja protestante holandesa Minke de Vries, da comunidade ecumênica de Grandchamp, na Suíça.

Em 1996, foi a vez de Vinko Puljic, cardeal-arcebispo de Sarajevo. Nos dois anos seguintes, mais cristãos de outras confissões: o catholicos da Igreja Apostólica Armênia, Karekin I, e o teólogo leigo ortodoxo francês Olivier Clément.

Olivier Clément, teólogo ortodoxo, assumiu a tarefa em 1998. Olivier Clément, teólogo ortodoxo, assumiu a tarefa em 1998.

Em 1999, mais um escritor, o italiano Mario Luzi. Em 2000, ano do Grande Jubileu, o próprio São João Paulo II se encarregou de escrever as meditações. No ano seguinte, elas foram tomadas dos escritos de John Henry Newman, cardeal inglês do século XIX beatificado por Bento XVI em 2010.

Em 2002, o papa delegou a tarefa a um grande grupo: 15 jornalistas acreditados junto à Sala de Imprensa da Santa Sé, de vários países do mundo – incluindo o atual diretor da Sala de Imprensa, o norte-americano Greg Burke, na época correspondente da Fox News. Em 2003, as meditações foram tomadas dos exercícios espirituais pregados por João Paulo II à Cúria Romana quando era cardeal, em 1976. Em 2004, foi a vez do monge trapista belga André Louf.

Finalmente, em 2005, na última Via Sacra de seu pontificado, o papa polonês – que acompanhou o momento pela televisão, não podendo estar presente pela saúde debilitada – escolheu justamente aquele que dias depois o sucederia: o cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa emérito.

Em 2012, foi a vez dos esposos Danilo e Anna Maria Zanzucchi. Em 2012, foi a vez dos esposos Danilo e Anna Maria Zanzucchi.

Nos primeiros anos de seu pontificado de Bento XVI, o papa alemão escolheu apenas clérigos para a função: primeiro, em 2006, Angelo Comastri, que no ano seguinte seria nomeado cardeal; em 2007, o teólogo Gianfranco Ravasi, que o próprio Bento XVI ordenaria bispo no mesmo ano e nomearia cardeal em 2010; em 2008, o cardeal Joseph Zen, então bispo de Hong Kong; no ano seguinte, Thomas Menamparampil, então arcebispo de Guwahati, na Índia; e em 2010, o cardeal Camillo Ruini, vigário-geral emérito para a Diocese de Roma.

Anne-Marie Pelletier assina as meditações de 2017. Anne-Marie Pelletier assinou as meditações de 2017.

Em 2011, Bento XVI escolheu a monja agostiniana Maria Rita Piccione. No ano seguinte, uma novidade: um casal, Danilo e Anna Maria Zanzucchi, do Movimento dos Focolares. E em 2013 – já na primeira Via Sacra presidida por Francisco, mas cuja autoria foi apontada ainda por Bento XVI – um grupo de jovens do Líbano, sob a coordenação do cardeal Béchara Boutros Raï.

O papa argentino também começou nomeando clérigos para a tarefa – e todos italianos. Em 2014, foi o arcebispo de Campobasso-Boiano, Giancarlo Maria Bregantini. Depois, Renato Corti, bispo emérito de Novara. Em 2016, foi a vez do cardeal Gualtiero Bassetti, arcebispo de Perugia.

Finalmente, em 2017, as meditações foram designadas pela primeira vez a uma leiga, a teóloga francesa Anne-Marie Pelletier, que em 2014 recebeu o Prêmio Ratzinger de teologia. Já em 2018, Francisco incumbiu a tarefa a um grupo de 15 jovens de 16 a 20 anos, coordenados pelo professor de religião e jornalista Andrea Monda.

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