Ao ver as fotos da família Oliveira você pode pensar que são uma família comum curtindo um período de férias. Na verdade, os gaúchos Guto Oliveira e Jane Martins foram um pouco – ou muito – mais longe: decidiram abandonar a “vida de escritório” e se aventurar pelo mundo com seus dois filhos. O excesso de trabalho e, consequentemente, o pouco tempo que tinham para ficar com as crianças, os fizeram iniciar, sem medo, essa jornada em família.
O companheiro oficial da viagem entrou para a família um ano antes de colocarem o pé na estrada: Urso, apelido carinhoso dado a um Toyota Bandeirantes 1993 que Oliveira adquiriu. A primeira viagem aconteceu há quatro anos, os gaúchos saíram de Novo Hamburgo, cidade onde residem, e foram curtir a praia de Paraty, no Rio de Janeiro. A alegria de Caio e Sophia, na época com seis e três anos, motivou Guto e Jane a continuarem a aventura e sonharem ainda mais alto: percorrer os cinco continentes em cinco anos.
Bebê de dez semanas viaja pelo mundo com os pais durante dez meses
O ano de 2015 foi de preparação. A família equipou o Urso 4×4 com uma barraca de teto, sacos de dormir, chuveiro, uma geladeira de 40 litros e um fogão à gasolina. A rota da viagem foi calculada de acordo com o clima para evitar tanto o frio quanto o calor extremo.
Antes de deixarem as terras brasileiras, passaram por São Lourenço do Sul, Pelotas e Chuí. A aventura estrangeira começou no litoral do Uruguai, em seguida foram para a Argentina. Começaram no extremo sul, em Ushuaia, depois percorreram a costa do Pacífico rumo a América do Norte. A família passou pela Cordilheira dos Andes, Deserto do Atacama e Caribe até chegarem aos Estados Unidos.
Para viabilizar a jornada, além do capital próprio, a família contou também com apoios e patrocínios. “Temos o patrocínio da empresa de calçados infantis Ortopé e da marca americana de roupas e calçados de aventuras Merrel”, contou Oliveira, ao Sempre Família. Durante as viagens, Guto também propôs algumas parcerias. “Umas das que mais funcionou foram trocas de pernoite em hotéis por fotografia dos estabelecimentos”. O gaúcho é fotógrafo e explica que a família mantinha os custos mais baixos possíveis, as despesas mais altas eram de combustível e alimentação.
Homeschooling
O mundo se tornou a sala de aula de Caio e Sophia. Tudo aquilo que para a maioria dos alunos é aprendido na teoria, as crianças a bordo do Urso aprendiam na prática. Geografia, biologia, idiomas (as crianças aprenderam inglês e espanhol), tudo era compreendido observando o clima, mapas, animais silvestres, convivência com moradores locais, entre tantas outras experiências.
Além disso, Caio e Sophia também foram matriculados em uma escola norte-americana chamada Clonlara. “Praticávamos um misto de homeschooling (ensino domiciliar) com unschooling (conhecida também como desescolarização, acontece quando os pais não optam por um currículo pré-definido, mas sim, uma liberdade maior para a criança se desenvolver)”, conta Oliveira. É que apesar de a família seguir os livros didáticos do Brasil não havia como manter uma rotina de estudos diário. “Para ajudar, a escola dos Estados Unidos providenciou uma tutora que auxiliava a Jane com ideias e técnicas de ensino”, lembra.
Uma pausa temporária
A aventura continuou em terras europeias. Enquanto a família atravessou o oceano de avião, o Urso foi de navio. Da Europa, seguiram viagem pelas estradas estrangeiras rumo a África. E foi no deserto do Saara que a peregrinação precisou de uma pausa. Jane enfrentou uma crise de anemia e não conseguia mais se alimentar direito. Após uma piora em seu quadro de saúde, no caminho para a Mauritânia, a família procurou ajuda na região, mas a extrema falta de cuidado nos hospitais não permitiu que conseguissem um diagnóstico.
A opção então foi fazer uma pausa para cuidar da saúde de Jane, mas eles esperam em breve voltar à vida na estrada. E a família viajante já tem planos para o próximo roteiro: Ásia e Oceania. “Não queremos voltar para o estilo de vida que tínhamos antes. A gente saiu daquilo porque não estava funcionando”, contou Oliveira à GauchaZH. “Não é uma fuga, porque um projeto assim não pode ser uma fuga, tem que ser uma opção. Eu acho que existem mil maneiras de se viver”, avaliou.
Juntamente com o companheiro Urso, a família já soma no “passaporte” 26 países em pouco mais de três anos longe de casa. Para quem quiser acompanhar a jornada da família gaúcha, eles atualizam com frequência as páginas do Facebook e Instagram.
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