A Rede Globo apresentou neste fim-de-semana (19 e 20/08) o Criança Esperança 2017. Produzida pela emissora há mais de 30 anos, a campanha é realizada desde 2004 em parceria com a Unesco (a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) com o fim de arrecadar fundos para diversos projetos ligados ao cuidado e à promoção da infância em todo o Brasil. Mas se o objetivo é assim aparentemente tão nobre, porque o movimento pró-vida é tão crítico ao Criança Esperança?
Nas redes sociais, diversos perfis ligados engajados na causa pró-vida compartilharam posts durante o fim-de-semana apontando o que caracterizam como “hipocrisia” por parte da Globo. Os principais alvos foram a atriz Leandra Leal, o cantor Pabllo Vittar e a própria Unesco. Entenda por quê:
1) “Precisamos falar sobre aborto”
Entre os quatro “mobilizadores” da edição deste ano está a atriz Leandra Leal, que pelo terceiro ano consecutivo esteve no quadro dos apresentadores do programa. A atriz, porém, é uma das protagonistas da campanha “Precisamos falar sobre aborto”, promovida pela revista Tpm em 2014, ao lado de Alessandra Negrini e Gregório Duvivier.
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“Sou a favor do direito da mulher sobre seu corpo em todos os aspectos. Temos que ter o direito de decidir”, disse Leandra na campanha. O manifesto a favor da legalização do aborto promovido pela Tpm é assinado ainda por outros globais como Denise Fraga, Bárbara Paz e Mônica Iozzi, que também participou do Criança Esperança deste ano.
Vários atores da emissora também participaram em 2015 do vídeo “Meu corpo, minhas regras”, dirigido por Petra Costa e veiculado como uma promoção do seu filme Olmo e a Gaivota. Entre eles estão Alexandre Borges, Júlia Lemmerz e, de novo, Bárbara Paz. No vídeo, os atores defendem o aborto como direito e ironizam o discurso contrário à prática.
Diante do propagado objetivo de ajudar projetos ligados à infância, a promoção do aborto por parte de atores globais é vista pelo meio pró-vida como uma contradição da emissora.
2) Ideologia de gênero
O Criança Esperança também é acusado por pessoas e associações ligadas ao movimento pró-vida de promover a ideologia ou teoria de gênero, segundo a qual a identidade masculina e feminina é uma construção social que não está vinculada ao sexo biológico. “Diversidade de gênero” é, de fato, um dos temas debatidos na edição do programa em 2017, que louvou a Comissão dos Direitos Humanos de Nova York por reconhecer “a existência de 31 identidades de gênero”.
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Pela mesma razão, a anunciada participação do cantor e drag queen Pabllo Vittar no programa recebeu pesadas críticas. Contudo, o cantor acabou cancelando sua participação. Na sexta-feira (18), postou um vídeo dizendo que está impossibilitado de cantar por ordens médicas, devido a uma infecção no terceiro molar. Ele cancelou também uma série de shows que aconteceriam entre 18 e 29 de agosto em seis cidades.
Pabllo estava escalado para cantar ao lado de Sandy no programa e foi substituído pelo ator Silvero Pereira, travestido como seu alterego Gisele Almodóvar. Com Sandy, ele cantou “Somos quem podemos ser”, da banda Engenheiros do Hawaii. Pereira, no fim da música, gritou: “Pabllo, é pra você!”. Sandy, por sua vez, foi fotografada com uma placa que dizia: “Não existe ‘coisa de menina’ e ‘coisa de menino’. Existe ‘coisa de criança’”.
3) A ONU e a promoção do aborto
O meio pró-vida é também bastante crítico à Organização das Nações Unidas, que através da Unesco é parceira do Criança Esperança. Desde 2004, é a Unesco a responsável por administrar os recursos arrecadados, selecionar e acompanhar os projetos apoiados e assessorar a Globo na abordagem dos temas considerados mais relevantes.
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A campanha da Globo beneficia no Brasil projetos em APAEs, creches, instituições que promovem atividades culturais e recreativas para crianças em situações de vulnerabilidade, associações que apoiam famílias que têm filhos portadores de autismo, institutos que promovem a capacitação profissional de adolescentes e jovens e diversas outras ações.
A Unesco, porém, assim como outros braços da ONU como a UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) e a ONU Mulheres, advoga pela descriminalização do aborto, sob o nome de “direitos sexuais e reprodutivos”. Cartilhas da Unesco dirigidas a instituições educativas de todo o mundo promovem também o alargamento do conceito de família, a masturbação, o questionamento dos papéis de gênero e a contracepção.
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