Arquivo pessoal
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A britânica May Webber ficou órfã bem cedo, aos sete anos de idade. Sua mãe morreu devido a um tumor cerebral e o pai também faleceu, três meses depois, de uma tuberculose causada por gases tóxicos inalados enquanto combatia na Primeira Guerra Mundial. Obrigada a viver com um tio que não a tratava bem, perdeu contato com seus quatro irmãos – e só reencontrou a família aos 90 anos de idade.

Esse reencontro só foi possível graças a uma parente, Angela Doyle, que ficou intrigada com as histórias de May e resolveu usar seus conhecimentos em genealogia para tentar localizar eventuais descendentes da família.

Foram sete anos, de 2010 a 2017, fazendo buscas em arquivos públicos e sites de ancestralidade, atrás de qualquer pista sobre os irmãos de May: Alice, Mary, Nellie e Edward. As cinco crianças haviam nascido no sul de Londres no início do século XX, com o sobrenome Mitchell.

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Quando May tinha 12 anos, teve início a Segunda Guerra Mundial. A menina deixou o tio e foi mandada para morar com uma família em Surrey, a oeste de Londres. E ali ela permaneceu por muitos anos após o conflito. Conseguiu um emprego no País de Gales, como babá, e ali conheceu seu primeiro marido, David Williams, e teve filhos.

“Tive uma infância muito infeliz e a forma de lidar com isso, desde então, foi tirar isso da cabeça o máximo possível e colocar todas as minhas energias na criação de um lar amoroso e feliz para os meus três filhos”, contou May à BBC. Com a morte de Williams, em 1984, ela se casaria mais uma vez, em 1987, com Geoff Webber, que também morreu, dez anos depois.

 

May, no centro, com cinco anos. Ao lado dela, os irmãos. Atrás, o tio que a adotaria dois anos depois. May, no centro, com cinco anos. Ao lado dela, os primos. Atrás, o tio que a adotaria dois anos depois.

Reencontro

O trabalho de Angela teve sucesso – ao menos em parte. May pôde conhecer seus sobrinhos, de cuja existência nunca soube, mas não os seus irmãos: os quatro já são falecidos. Mary e Edward haviam morrido nos anos 1970. Os outros dois morreram há dois anos, antes de Angela conseguir contatá-los: Alice morreu aos 102 anos e Nellie aos 100. “Que pena que não tivemos progressos (na busca) mais cedo”, lamenta Angela.

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A grande dificuldade nas buscas era o fato de May ter sido adotada tão jovem e, por isso, ter poucas memórias de seus pais e irmãos. Angela passou anos em busca de pistas até que postou uma mensagem “desesperada” em um site de ancestralidade, pedindo que pessoas que estivessem buscando May entrassem em contato.

“Por sorte, a família das irmãs dela também estava fazendo buscas e viram minha mensagem, então entraram em contato conosco duas semanas atrás”, conta Angela. “A única tristeza é que foi tarde demais para reunir May com seus irmãos e irmãs.”

May conheceu, no entanto, as filhas de Alice – Elaine Lewis, 76, e Margaret Wellington, 73 – e uma neta dela, bem como uma filha de Mary. May espera que o contato com parentes que, até há pouco tempo, ela sequer sabia que tinha, lhe permitam conhecer mais sobre seus irmãos e “preencher as lacunas de 83 anos” que eles passaram separados.

“Por oito décadas, fiz o que pude para não viver no passado, e agora o passado está bem aqui”, conta May. “Tive sentimentos contraditórios sobre reencontrá-los, mas minha família me convenceu de que seria a coisa certa a fazer e, é claro, eu tenho muito o que perguntar a eles.”

 

Com informações da BBC.

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